Você já deve ter ouvido muito deste diagnóstico quase apocalíptico na oficina: “Queimou a junta do cabeçote!”. Mas, afinal, como e por que isso acontece? E há meios de evitar problemas na peça?
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“A queima da junta do cabeçote ocorre pelo contínuo funcionamento do motor em temperaturas extremas. Mas esse não é um processo imediato. Ele acontece gradativamente e pode ser identificado por uma série de sinais”, afirma Marlon Silva, coordenador técnico da Takao, fabricante de componentes para motor.
AutoPapo vai mostrar quais são os sinais de que a junta do cabeçote queimou. E dar dicas de como evitar que isso aconteça.
O que é a junta do cabeçote?
Antes de mais nada, é importante entender a função da junta. São as peças que vedam a conexão entre o bloco e o cabeçote do motor. Desta forma, ela evita que fluidos, como óleo lubrificante e líquido de arrefecimento, se misturem.
A junta do cabeçote também tem papel importante em manter a compressão da mistura ar/combustível dentro das câmaras de combustão, fundamental para o funcionamento correto de todo o conjunto mecânico.
Por esta razão, o carro dá sinais de quando há problemas com a junta do cabeçote. Veja alguns destes sintomas.
Perda de potência
O primeiro sinal evidente quando a junta do cabeçote queima é a perda de potência do automóvel. Isso porque a peça deixa de manter a compressão adequada nos cilindros do conjunto.
Isso afeta diretamente a queima de combustível e o motor “perde forca”. O motorista percebe isso durante as acelerações e retomadas, pois o propulsor não oferece as mesmas respostas às investidas no pedal do acelerador. Também são percebidos falhas ao dar a partida e trancos durante a condução.
Consumo de combustível
O aumento no consumo de combustível também pode indicar a queima da junta do cabeçote. Isso porque a vedação desta parte do conjunto mecânico perde a eficiência, o que facilita vazamentos de lubrificante e líquido de arrefecimento para as câmaras de combustão e falhas na compressão dos cilindros.
Consumo de óleo lubrificante
Além disso, os dois fluidos se misturam na câmara de combustão. Isso resulta em um aumento excessivo no consumo de óleo, além de aumentar o risco de danos às partes do motor pela falta de lubrificação adequada.
Fumaça!
Com mais líquido de resfriamento na câmara de combustão, a tendência é que, além do rendimento do motor piorar, ocorra a emissão de fumaça branca pelo escapamento. Só que o motorista deve estar muito atento.
Em um primeiro momento, o catalisador pode mascarar esses sinais e queima da junta do cabeçote. Se a fumaça se tornar muito visível e você sentir um forte odor diferente exalado pelo sistema de exaustão, é importante levar o carro mais rapidamente na oficina mecânica.
Vazamentos
A junta do cabeçote queimada também pode causar vazamentos do líquido de arrefecimento e do lubrificante. Fique atento sempre ao nível do fluido do sistema de resfriamento e a sinais de óleo no radiador e em partes do motor. Também observe se, após sair com o carro de alguma vaga fixa, há sinais de poças de óleo no chão.
“Quando o pistão está no curso de admissão ele pode sugar uma pequena quantidade desse fluido para a câmara de combustão, que é queimada durante o evento, reduzindo gradativamente o nível do líquido”, explica Marlon Silva.
Contaminação
A entrada do fluido de arrefecimento obviamente contamina o óleo do motor e reflete em sua eficiência. Ou seja, a lubrificação do conjunto mecânico ficará comprometida, aumentando o atrito entre as partes metálicas e a temperatura de funcionamento do powertrain.
Um sinal evidente de que houve contaminação pode estar na vareta do cárter ao verificar o nível do lubrificante do motor. Se notar que o óleo está com aparência leitosa e uma cor meio “café com leite” é um sintoma de que o lubrificante foi seriamente contaminado.
Tem outros meios de descobrir queima da junta do cabeçote?
Uma dica é fazer o teste de pressão do líquido de arrefecimento para verificar se há vazamentos externos. Com o reservatório completo, ligue o motor por um período de 10 minutos à noite. Depois, desligue e na manhã seguinte faça uma inspeção no motor e abaixo do carro para ver se há acúmulos ou manchas do fluido no conjunto.
Também é possível fazer uma verificação mais técnica com um boroscópio. O equipamento usa uma microcâmera para verificar se há algum sinal de fluido na câmara de admissão, após a injeção de ar comprimido em seu interior.
Como evitar que a junta do cabeçote queime
A dica é de sempre: faça as manutenções preventivas regulares no veículo, a cada 10 mil km ou pelo menos uma vez ao ano. Além disso, use sempre peças originais, além de óleo lubrificante e fluidos de acordo com as especificações indicadas pela fabricante do automóvel, que constam no manual do proprietário.
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