O carro chinês ainda gera muita polêmica no Brasil. Ainda permeia no imaginário do consumidor a baixa qualidade dos primeiros modelos mandarins que desembarcaram por aqui em meados dos anos 2000 e início dos anos 2010.
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Também há uma rusga ideológica com o país asiático, que é somado à rejeição de carros eletrificados. Mas fato é que as marcas chinesas serão maioria entre as fabricantes instaladas no Brasil. E não vai demorar muito para isso acontecer.
Atualmente a Caoa Chery é a única marca chinesa que produz no Brasil. Mas até o final do ano a planta da BYD (comprada da Ford) entrará em operação. A GWM, que assumiu o controle da unidade da Mercedes-Benz em Iracemápolis (SP), também começará a operar este ano.
Neta pode colocar marcas chinesas como maioria no Brasil
No entanto, a Neta, marca novata no mundo todo, que acabou de anunciar sua chegada no Brasil, também quer produzir aqui. O AutoPapo apurou que a Neta deverá seguir o mesmo caminho que BYD e GWM, ou seja, comprar uma fábrica pronta.
No caso, o plano da Neta é adquirir a unidade da Toyota em Indaiatuba (SP). A marca japonesa irá transferir toda sua operação para a planta de de Sorocaba, que fica a 50 km de distância da unidade que será desativada. Assim, caso a Neta feche negócio, ela será a quarta marca chinesa instalada no Brasil, o mesmo número que temos de fabricantes japoneses: Toyota, Honda, Nissan e Mitsubishi.
Hoje, o número de marcas por nacionalidade tem as japonesas como líderes e são seguidas por franceses (Renault, Peugeot e Citroën), alemãs (Audi, BMW e Volkswagen) e norte-americanas (Chevrolet, Jeep e Ram). Com apenas uma marca instalada figuram a italiana Fiat, a sul-coreana Hyundai e a britânica Land Rover.
E se considerarmos que a GWM tem outras duas marcas (Tank e Poer) que poderão ter seus carros fabricados localmente em Iracemápolis, já seriam seis marcas chinesas. Isso sem falar nos demais selos de Chery e BYD, que podem transformar o país em um dos principais polos industriais das chinesas fora de seu país de origem. Trocando em miúdos, tudo isso pode colocar rapidamente as chinesas como maioria no Brasil.
Ganho de participação
Claro que o número de marcas não corresponde ao desempenho de vendas. Os italianos da Fiat lideram o mercado com 20,7% de participação, enquanto o quarteto japonês abocanha 16,9% dos emplacamentos em 2024, segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
Mas quando colocamos a lupa sobre os números, notamos que as chinesas já abocanharam um naco importante do mercado. Para se ter uma ideia, BYD, Caoa Chery e GWM já representam 6,96% dos emplacamentos em 2024. No entanto, apenas a Caoa Chery tem produção local. E mais, as três trabalham com modelos eletrificados.
Potencial de mercado
Assim, as chinesas têm grande potencial de ganhar participação no Brasil, principalmente porque detêm tecnologia avançada em eletrificação. Hoje, o carro elétrico ainda é visto com receio, mas será uma realidade mais cedo ou mais tarde.
Normas de emissões cada vez mais rigorosas, assim como a tendência do aumento do custo dos combustíveis e os efeitos climáticos da geração de CO2 proveniente de todo o processo de produção e queima de combustíveis fósseis irão impor uma eletrificação cada vez mais dominante. E nesse ponto, os chineses já dominam a tecnologia de baterias mais eficientes e baratas, que inclusive iniciou uma batalha comercial em vários mercados como norte-americano e europeu.
E se o amigo retrucar dizendo que o brasileiro não tem como arcar com um carro elétrico, o que é fato, elas também têm expertise em carros híbridos. Quem já guiou um Haval H6, por exemplo, sabe o quanto ele é superior a modelos como Toyota Corolla Cross Hybrid e Jeep Compass 4xe.
Assim, o caminho natural das chinesas serão os mercados emergentes, que em sua maioria não contam com matrizes locais. A própria BYD, que está finalizando sua fábrica na Bahia, também está em processo de finalização de uma planta na Hungria, e erguerá outra filial no México. Ou seja, muita gente pode até torcer o nariz para as chinesas, mas terão que aprender a conviver com elas.
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